A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, que afeta principalmente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos, como ossos, rins e cérebro.
A TB é transmitida pelo ar quando uma pessoa com a doença ativa expele bactérias ao tossir, espirrar ou falar. Apesar de ser uma das doenças infecciosas mais antigas conhecidas, a tuberculose continua sendo uma importante preocupação de saúde pública em todo o mundo, especialmente em países em desenvolvimento.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de um quarto da população mundial esteja infectada com a bactéria, embora a maioria desses indivíduos nunca desenvolva a doença ativa.

O Infectologista é o médico especialista responsável pelo diagnóstico, tratamento e acompanhamento de doenças infecciosas, como a tuberculose. Esse profissional desempenha um papel crucial no manejo da tuberculose, desde a identificação inicial dos sintomas até a prescrição de tratamentos e a orientação sobre medidas preventivas.

A Dra. Nayara Araújo é medica Infectologista especialista em atender pacientes com Tuberculose.
A Dra. Nayara é formada pela Universidade Federal do Espírito Santo e com mais de 12 anos de atuação como médica.
Causas da Tuberculose
A tuberculose é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, que pode ser transmitida de uma pessoa para outra por meio do ar. A transmissão ocorre quando uma pessoa com TB pulmonar ativa libera gotículas contendo a bactéria ao tossir, espirrar ou até mesmo falar. Essas gotículas são inaladas por outras pessoas, que podem ou não desenvolver a doença.
No entanto, a tuberculose não é uma doença de fácil transmissão. A maioria das pessoas que entra em contato com a bactéria não adoece, pois o sistema imunológico é capaz de controlar a infecção.
Nesses casos, a bactéria permanece inativa no corpo, causando o que é conhecido como tuberculose latente. Estima-se que cerca de um quarto da população mundial esteja infectada de forma latente com M. tuberculosis.
Dessas pessoas, aproximadamente 5% a 10% desenvolverão a doença ativa em algum momento da vida, geralmente quando o sistema imunológico é enfraquecido por alguma condição, como o HIV, desnutrição, diabetes ou o uso de medicamentos imunossupressores.
Falo mais sobre Tuberculose no HIV como doença oportunista nesse meu artigo: https://dranayaraaraujo.com.br/hiv-aids/
Fatores de risco que aumentam a probabilidade de contrair a tuberculose incluem:
- viver em áreas com alta incidência da doença
- estar em contato frequente com pessoas infectadas
- viver em condições de superlotação ou em locais mal ventiladoscondições que comprometem o sistema imunológico.
Tipos de Tuberculose
A tuberculose pode se apresentar de duas formas principais:
1. Tuberculose latente:
Nesse estado, a bactéria M. tuberculosis permanece no corpo sem causar sintomas. As pessoas com TB latente não transmitem a doença. A infecção latente pode durar anos ou até mesmo uma vida inteira sem nunca se transformar na doença ativa. Entretanto, se o sistema imunológico se enfraquece, a bactéria pode se reativar, levando ao desenvolvimento da forma ativa.
2. Tuberculose ativa:
Quando o sistema imunológico não consegue controlar a infecção, a tuberculose torna-se ativa. Nessa fase, a bactéria começa a se multiplicar e causa danos ao corpo.
A TB ativa, especialmente em sua forma pulmonar, é altamente contagiosa e pode ser transmitida para outras pessoas. Os sintomas podem ser graves e, sem tratamento adequado, a doença pode ser fatal.
Além da divisão entre TB latente e ativa, a doença pode ser classificada de acordo com a parte do corpo que afeta.
A forma mais comum é a tuberculose pulmonar, mas a bactéria também pode atacar outras áreas, causando a tuberculose extrapulmonar.
Esta última pode atingir locais como os linfonodos (TB ganglionar), o sistema nervoso central (TB meníngea), o trato urinário e até os ossos e articulações (TB óssea).
Sintomas da Tuberculose
Os sintomas da tuberculose variam dependendo se a doença é pulmonar ou extrapulmonar, mas os sinais mais comuns da TB pulmonar incluem:
- Tosse persistente, que dura mais de três semanas, podendo produzir escarro com sangue;
- Dor no peito ao respirar ou tossir;
- Fadiga e fraqueza;
- Perda de peso sem motivo aparente;
- Febre baixa, frequentemente no final da tarde;
- Suores noturnos.
Em casos de tuberculose extrapulmonar, os sintomas variam de acordo com a parte do corpo afetada. Por exemplo, a TB nos rins pode causar sangue na urina, enquanto a TB nos ossos pode causar dor nas articulações ou nos ossos. A forma meníngea, que afeta o cérebro e a medula espinhal, pode causar dores de cabeça persistentes, confusão e rigidez no pescoço, podendo levar a complicações mais sérias se não tratada.
Diagnóstico da Tuberculose
O diagnóstico da tuberculose é feito por meio de uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem. Os principais métodos de diagnóstico incluem:
- Teste de escarro: O exame do escarro é o método mais comum para confirmar a presença de M. tuberculosis nos pulmões. O paciente coleta amostras de escarro que são analisadas em laboratório para verificar a presença da bactéria.
- Radiografia de tórax: A radiografia pode mostrar lesões nos pulmões características da tuberculose, como cavidades ou infiltrados. No entanto, uma radiografia anormal por si só não é suficiente para confirmar a doença, sendo necessária a realização de outros testes complementares.
- Teste tuberculínico (PPD): O teste de Mantoux, ou teste tuberculínico, é usado para detectar a infecção latente. Ele consiste na injeção de uma pequena quantidade de proteína derivada da bactéria na pele. Após 48 a 72 horas, o local da injeção é avaliado quanto à presença de uma reação, que pode indicar uma infecção por tuberculose. No entanto, o PPD não distingue entre tuberculose ativa e latente e pode apresentar resultados falso-positivos em pessoas vacinadas com BCG.
- Testes de biologia molecular: Métodos mais recentes, como o GeneXpert, podem detectar rapidamente a presença de M. tuberculosis no escarro ou em outros fluidos corporais, além de identificar a resistência aos medicamentos, como a rifampicina.
- Exames de sangue: Testes como o Quantiferon podem ser usados para detectar a infecção por M. tuberculosis em pessoas que tiveram contato com a bactéria, especialmente naqueles que foram vacinados com BCG, pois esse teste não é afetado pela vacinação.
Tratamento da Tuberculose
O tratamento da tuberculose envolve o uso de múltiplos antibióticos por um longo período. O regime padrão de tratamento inclui uma combinação de medicamentos.
Aqui, o papel do infectologista é particularmente importante para ajustar o esquema terapêutico e monitorar possíveis efeitos adversos dos medicamentos. A falta de acompanhamento especializado pode comprometer a eficácia do tratamento.
A adesão ao tratamento é crucial para garantir a cura. Interromper o tratamento antes do tempo prescrito pode resultar no desenvolvimento de resistência aos medicamentos, o que torna a doença mais difícil de tratar. Além disso, a resistência pode ser transmitida a outras pessoas, aumentando a propagação de formas mais graves da doença, como a tuberculose multirresistente (MDR-TB).
Em casos de MDR-TB, que é resistente a pelo menos os dois principais medicamentos usados no tratamento (rifampicina e isoniazida), o regime terapêutico é mais longo e pode incluir medicamentos adicionai e medicamentos injetáveis. O tratamento da MDR-TB pode durar até 20 meses, e os efeitos colaterais podem ser mais severos, exigindo monitoramento contínuo.
Nos casos de tuberculose latente, o tratamento também é possível e é oferecido para prevenir o desenvolvimento da forma ativa. Isso é especialmente importante em pessoas com alto risco de progressão, como aquelas com HIV ou imunossupressão.

Prevenção da Tuberculose
A prevenção da tuberculose envolve tanto medidas de controle da infecção quanto a imunização.
A vacina BCG (Bacilo de Calmette-Guérin) é amplamente utilizada em países com alta incidência de tuberculose. Ela oferece proteção parcial, especialmente contra as formas graves da doença em crianças, como a tuberculose meníngea e a disseminada. No entanto, a eficácia da BCG na prevenção da tuberculose pulmonar em adultos é limitada.
Outras medidas de prevenção incluem o diagnóstico e tratamento precoce de pessoas com TB ativa, evitando a transmissão da bactéria para outras pessoas. Em ambientes de saúde, o uso de máscaras, ventilação adequada e medidas de isolamento são fundamentais para reduzir a propagação da doença.
Conclusão
A tuberculose é uma doença infecciosa que ainda representa um grande desafio para a saúde pública em muitas partes do mundo. Embora a doença possa ser curada com o tratamento adequado, a adesão ao regime terapêutico é fundamental para evitar o desenvolvimento de formas resistentes e a disseminação da bactéria. A prevenção por meio de vacinação e medidas de controle da infecção continua a ser uma das principais estratégias para combater a tuberculose em nível global.
O infectologista tem um papel fundamental no diagnóstico preciso, no manejo adequado do tratamento e na prevenção de complicações, especialmente em casos mais complexos, como a tuberculose resistente. Com o acompanhamento desse especialista, é possível garantir um tratamento mais eficaz e seguro, contribuindo para o controle da propagação da doença e a recuperação dos pacientes.
Fontes: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/t/tuberculose