Dra. Nayara Araújo

Comprimidos de PREP

A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) revolucionou a prevenção do HIV ao oferecer uma medida eficaz que vai além do uso do preservativo.

Tomado diariamente, o medicamento proporciona uma proteção substancial contra a infecção, sendo altamente recomendado para pessoas expostas a riscos elevados de contágio, como aquelas que têm relações sexuais sem preservativo, não possuem parceiro fixo, têm parceiros vivendo com HIV, são homens que fazem sexo com homens, ou são profissionais do sexo.

Neste artigo, vamos explorar as evidências científicas sobre a eficiência da PrEP, sua segurança, e a importância do acompanhamento médico para obter os melhores resultados.

Infectologista
A Dra. Nayara Araújo é Médica Infectologista especialista em atender pacientes com HIV/AIDS formada pela Universidade Federal do Espírito Santo e com mais de 12 anos de atuação como médica.

Tenha o seu sigilo preservado com atendimento humanizado e que consiga atender as suas necessidades:

Leia também meu artigo sobre HIV: https://dranayaraaraujo.com.br/hiv-aids/

O Que é a PrEP e Como Funciona?

A PrEP é uma estratégia de prevenção ao HIV que envolve o uso de um medicamento antirretroviral de forma diária por pessoas HIV-negativas.

A combinação dos princípios ativos tenofovir e emtricitabina inibe a ação do vírus, caso ele entre em contato com o organismo, impedindo sua multiplicação e evitando a infecção.

Como funciona?

  • Bloqueio do HIV: O medicamento age diretamente nas células imunológicas onde o HIV tenta se estabelecer, bloqueando sua ação.
  • Uso contínuo: Para garantir a eficácia, a PrEP deve ser tomada todos os dias, criando uma camada protetiva contra o HIV.
  • Prevenção adicional: Não substitui o preservativo, mas é uma proteção adicional, ideal para quem se encontra em situações de maior exposição.

Eficácia da PrEP: Estudos e Resultados

Estudos científicos demonstram que a PrEP é altamente eficaz quando usada de forma consistente. Abaixo, alguns dos principais estudos e seus achados:

  • Estudo iPrEx (2010): Focado em homens que fazem sexo com homens, mostrou que a PrEP reduziu o risco de infecção pelo HIV em 44% entre o grupo geral e até 92% entre os que seguiram o tratamento rigorosamente.
  • Estudo Partners PrEP (2016): Realizado com casais sorodiscordantes (um dos parceiros com HIV), revelou que a PrEP reduz o risco de infecção em até 75%.
  • Estudos de Vida Real (2019): Dados de uso da PrEP em contextos reais indicam uma eficácia de até 99% na prevenção ao HIV entre usuários que tomam o medicamento diariamente.

Quem Deve Considerar o Uso da PrEP?

A PrEP é recomendada para pessoas que enfrentam um risco aumentado de exposição ao HIV. O público-alvo inclui:

  1. Indivíduos que fazem sexo sem preservativo regularmente.
  2. Pessoas sem parceiro fixo, que possam ter relações com múltiplos parceiros.
  3. Parceiros de pessoas vivendo com HIV (casais sorodiscordantes).
  4. Homens que fazem sexo com homens (HSH), um dos grupos com maior prevalência de HIV.
  5. Profissionais do sexo, que, devido à natureza do trabalho, apresentam maior vulnerabilidade.
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A Importância da Consulta com o Infectologista

Iniciar a PrEP exige uma avaliação médica para garantir sua segurança e adequação. Um infectologista é o profissional indicado para orientar todo o processo, que inclui:

  • Testes de HIV: Confirmar que a pessoa não está infectada antes de iniciar a PrEP, pois o tratamento é preventivo e não terapêutico.
  • Avaliação de Funções Renal e Hepática: Analisar se há condições que impeçam o uso seguro da PrEP.
  • Consulta Regular: Recomenda-se acompanhamento médico a cada três meses para monitorar a saúde e a aderência ao tratamento.

A consulta com um infectologista é essencial para avaliar fatores individuais e garantir o uso seguro e eficaz da PrEP.

Segurança e Efeitos Colaterais da PrEP

De acordo com pesquisas, a PrEP é amplamente segura para a maioria das pessoas e tem efeitos colaterais leves e temporários, como náuseas e cefaleia, que normalmente desaparecem em algumas semanas. Abaixo, uma visão mais detalhada sobre os aspectos de segurança:

Efeitos colaterais comuns:

  1. Náuseas e desconforto estomacal
  2. Dores de cabeça
  3. Alterações renais leves: O infectologista monitora essa condição para prevenir riscos.
  4. Risco de resistência ao HIV:
    • Esse risco é baixo, mas existe se a PrEP for tomada por pessoas que já estão infectadas sem saber. Por isso, o teste de HIV é obrigatório antes de iniciar o tratamento.

Acesso à PrEP no Brasil: SUS e Passo a Passo

A PrEP está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para grupos de risco. Isso permite que a profilaxia alcance um número maior de pessoas que se beneficiam dessa proteção adicional. Para ter acesso à PrEP pelo SUS, o processo é simples:

  • Consulta inicial em uma unidade de saúde ou centro de atendimento especializado.
  • Testagem para HIV e outros exames laboratoriais.
  • Prescrição e início do tratamento com acompanhamento regular.

Mitos e Verdades Sobre a PrEP

Para esclarecer o que é a PrEP e desfazer equívocos comuns, aqui estão alguns mitos e verdades:

PrEP protege contra outras ISTs?

Mito. A PrEP protege exclusivamente contra o HIV. Para prevenção de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o uso do preservativo é sempre recomendado.

É necessário tomar PrEP todos os dias?

Verdade. A eficácia máxima é alcançada com o uso diário do medicamento.

A PrEP causa resistência ao HIV?

Mito. A resistência ao HIV é improvável para usuários de PrEP não infectados, mas pode ocorrer se o medicamento for usado por pessoas já infectadas.

Conclusão: PrEP Como Aliada na Prevenção do HIV

A PrEP é uma poderosa ferramenta de prevenção que permite a pessoas em situações de risco viverem com mais segurança e qualidade de vida. Além de sua eficácia científica comprovada, o uso responsável e acompanhado por um infectologista é fundamental para maximizar a proteção e reduzir eventuais riscos.

Fontes de Pesquisa

  • Grant, R. M., et al. (2010). Preexposure chemoprophylaxis for HIV prevention in men who have sex with men. New England Journal of Medicine.
  • Baeten, J. M., et al. (2012). Antiretroviral prophylaxis for HIV prevention in heterosexual men and women. New England Journal of Medicine.
  • Fonner, V. A., et al. (2016). Effectiveness and safety of oral HIV preexposure prophylaxis for all populations. AIDS.

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