Dra. Nayara Araújo

HIV é a sigla do nome do Vírus da Imunodeficiência Humana, um vírus que foi identificado pela primeira vez na década de 1980. Esse vírus ataca o sistema imunológico e enfraquece a capacidade do corpo humano de combater as infecções e  as doenças. Se não for tratado o HIV pode evoluir para a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), que é o estágio mais avançado da infecção.

vírus hiv

A AIDS ocorre após alguns meses ou anos, quando o vírus já causou danos significativos ao organismo e o sistema imunológico está gravemente debilitado, dessa forma o corpo se torna vulnerável a infecções que nesse contexto são chamadas de “oportunistas” e a alguns tipos de câncer. 

Sobre essas definições é importante entender que HIV e AIDS não são a mesma coisa. Uma pessoa pode viver com o HIV por muitos anos sem desenvolver AIDS, especialmente se estiver em tratamento com medicamentos antirretrovirais.

A Dra. Nayara Araújo é medica Infectologista especialista em atender pacientes com HIV/AIDS formada pela Universidade Federal do Espírito Santo e com mais de 12 anos de atuação como médica.

Atualmente é membro do Corpo Clínico do Hospital Evangélico de Vila Velha e do Hospital Santa Rita de Cássia onde atua como Infectologista e Controladora de Infecção Hospitalar.

Preza pelo atendimento humanizado em consultas que consigam atender as necessidades do paciente.

Como se transmite o vírus do HIV?

O HIV pode ser transmitido através do contato com secreções corporais de uma pessoa infectada.

São forma de transmissão:

  • Sexo desprotegido:  Sexo vaginal, sexo anal ou sexo oral sem preservativo pode expor uma pessoa ao HIV, especialmente se houver cortes, feridas ou inflamações nas áreas genitais ou retais.
  • Compartilhar seringas:  o uso compartilhado de agulhas ou seringas contaminadas com o sangue de uma pessoa infectada é uma forma comum de transmissão entre usuários de drogas injetáveis.
  • Transmissão de mãe para filho: Uma mãe infectada pode transmitir o HIV ao bebê durante a gravidez, o parto ou a amamentação, especialmente se não estiver recebendo tratamento adequado.
  • Transfusões de sangue contaminado: Embora raras hoje em dia, transfusões de sangue não testado também podem transmitir o HIV. Atualmente, os bancos de sangue realizam testes rigorosos para garantir a segurança das doações.

Como NÃO se pega HIV:

Alguns mitos ainda cercam a forma de transmissão do vírus HIV. Por isso é importante destacar que não se adquire HIV por:

  • Abraço, aperto de mão;
  • Beijo na boca ou no rosto;
  • Usando mesmo copo ou talheres;
  • Usando banheiro público;
  • Banho de piscina;
  • Usando mesmo sabonete;
  • Sentando-se no mesmo assento do ônibus;
  • Na doação de sangue;
  • Sexo com uso de preservativo adequadamente.

Quais testes eu posso fazer para saber se tenho HIV?

Teste rápido:

Esse exame é realizado com uma amostra de sangue retirada de um dedo que funciona identificando anticorpos contra o vírus HIV. Ele é chamado de “rápido” porque entrega um resultado pronto e seguro em 15 a 30 minutos.

É indicado como teste para pessoas que desconhecem seu status e desejam uma resposta mais urgente do que um exame laboratorial que pode  demorar alguns dias.

No entanto por ser um teste de triagem seu resultado caso seja positivo, precisa ser confirmado por um teste laboratorial mais detalhado como ELISA ou Western Blot.

Exame laboratorial:

São exames mais detalhados e que podem demorar dias para sair o resultado. Existem diferentes tipos de testes e eles são usados geralmente para confirmar um diagnóstico após um teste rápido positivo ou como rotina de exames.

O mais comum é o ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) que detecta presença de anticorpos no sangue.

Existem também os Testes da Ácido Nucleico (NAT’s) que detectam o material genético do HIV no corpo podendo detectar a infecção logo após a exposição, antes mesmo que o corpo produza anticorpos.

O diagnóstico precoce do HIV é essencial para que o tratamento comece o quanto antes.

Quais os sintomas do HIV?

Uma pessoa com infecção por HIV que ainda não está no estágio de AIDS/SIDA pode não apresentar nenhum sintomas por anos.

Porém alguns sintomas podem aparecer entre 2 a 4 semanas após a exposição e infecção aguda pelo vírus como:

  • Febre
  • Dor de garganta
  • Inchaço nos gânglios linfáticos (nódulos no pescoço, axilas, virilha)
  • Dor de cabeça
  • Fadiga
  • Dores musculares e articulares
  • Náusea e vômitos

Esses sintomas não inespecíficos e podem ser confundidos com uma infecção viral comum. Nesse momento os exames sorológicos como teste rápido e exame para HIV comuns ainda são negativos, porque o corpo ainda não desenvolveu os anticorpos para combater a infecção.

A medida que a infecção progride, caso o paciente não tenha conhecimento do seu diagnóstico ou opte por não realizar o tratamento, o sistema imunológico de torna cada dia mais comprometido, e pessoa com HIV já em fase de AIDS se torna mais susceptível a doenças oportunistas.

São sintomas de AIDS:

  • Perda de peso inexplicável
  • Febre persistente ou suores noturnos
  • Fadiga extrema
  • Diarreia prolongada (que dura mais de um mês)
  • Lesões na boca, esôfago ou genitais
  • Infecções frequentes (como pneumonia, tuberculose, candidíase, entre outras)
  • Erupções de pele são inexplicáveis
  • Problemas neurológicos, como confusão, dificuldades de concentração ou perda de memória

O que são doenças oportunistas?

Doenças oportunistas são infecções ou cânceres que se desenvolvem quando o sistema imune está comprometido, portanto não são comuns em pessoas saudáveis.

São exemplos de doenças oportunistas:

  1. Tuberculose: doençacausada por uma bactéria que afeta pulmão e outros órgãos;
  2. Pneumocistose: uma infecção pulmonar causada por um fungo comum em pessoas com AIDS;
  3. Criptococose: infecção causada por fungo que pode causar meningite;
  4. Toxoplasmose: causada por um protozoário que pode causar encefalite;
  5. Candidíase: infecção por um fungo que pode afetar a boca, esôfago e causar dor para engolir.
  6. Sarcoma de Kaposi: um tipo de câncer que pode aparecer como manchas roxas ou marrons na pele ou em tecidos internos.

HIV tem tratamento?

Sabemos que ainda não existe cura para a infecção pelo HIV. Porém o tratamento com os medicamentos chamados de antiretrovirais (ARVs) controlam a multiplicação do vírus no organismo, possibilitando que ele fique indetectável ao exame de Carga Viral.

Uma pessoa em tratamento para o HIV e com a carga viral indetectável não apresenta danos a imunidade e vive uma vida normal, inclusive sem transmitir o vírus para outras pessoas através de relações sexuais.

INDECTÁVEL= INTRANSMISSÍVEL

Para isso é necessário que a pessoa apresente uma boa adesão ao tratamento. Fazendo uso adequado da medicação em com os exames de rotina em dia.

O que é PrEP: Profilaxia Pré-Exposição?

A PrEP  sigla de Profilaxia Pré-Exposição é uma estratégia de prevenção do HIV.  É realizada com o uso de medicamentos antirretrovirais por pessoas que não estão infectadas, mas que apresentam risco elevado de adquirir o vírus.

A PrEP de uso diário deve ser tomada diariamente para ser eficaz. E quando usada corretamente reduz o risco de infecção pelo HIV em até 99% durante relações sexuais desprotegidas.

Recomendamos a PrEP para:

  1. Pessoas com parceiros HIV positivos.
  2. Indivíduos com múltiplos parceiros sexuais.
  3. Aqueles que não utilizam preservativos de forma consistente.

É necessário realizar exames antes de iniciar a PrEP para verificar a presença de HIV e saúde renal. Sendo necessário consultas a cada 3 meses com o médico Infectologista para monitorar a saúde e a eficácia do tratamento.

O que é a PEP: Profilaxia Pós-Exposição?

A PEP sigla de Profilaxia Pós-Exposição é um tratamento de emergência para pessoas que foram expostas ao vírus HIV de alguma fomra. Por exemplo através de uma relação sexual sem proteção com uma pessoa infectada ou acidente com agulhas.

A PEP precisa ser iniciada o mais rapidamente possível, de forma ideal dentro de 72 horas após a exposição, e o tratamento dura 28 dias. Quando usada de forma correta a PEP pode impedir a pessoa adquira o vírus HIV.

Avanços na  pesquisa sobre o HIV

Atualmente o objetivo das pesquisas sobre o HIV é encontrar a tão sonhada cura. Podemos entender que uma cura “funcional” já existe, uma vez que a pessoa que vive com HIV  e realiza o tratamento corretamente mantém o vírus sob controle e não sofre com a doença.  A cura “esterilizante” seria remover completamente o vírus do organismo e assim acabar com necessidade de manter o uso de qualquer medicação.

Essa é uma realidade possível a medida que vivenciamos os avanços da medicina genética.

Outra área importante de pesquisa é o desenvolvimento de uma vacina contra o HIV. Embora ainda não haja uma vacina eficaz disponível, algumas estão em fases avançadas de testes clínicos e mostram resultados promissores.

O futuro do tratamento também inclui a criação de medicamentos de longa duração, como injeções mensais ou trimestrais, que podem facilitar a adesão ao tratamento, permitindo que as pessoas não precisem tomar comprimidos diárias.

Conclusão:

O HIV continua sendo um problema de saúde global, mas os avanços no diagnóstico, tratamento e prevenção permitem que as pessoas vivam com o vírus de forma saudável e evitem sua transmissão. A PrEP e a PEP são ferramentas valiosas na prevenção do HIV, enquanto os antirretrovirais mantêm o vírus sob controle, possibilitando que pessoas com HIV levem uma vida normal.

O futuro da pesquisa oferece esperança de encontrar uma cura e desenvolver novas formas de tratamento. Enquanto isso, o foco continua sendo a prevenção, a conscientização e o combate ao estigma relacionado ao HIV e à AIDS.

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *