Conhecidas como doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) são doenças ou infecções que se são transmitidas principalmente através do contato sexual sem proteção.
São causadas por diferentes microrganismos, como vírus, bactérias e outros parasitas, afetam tanto homens e mulheres de todas as idades.
O acompanhamento por um médico infectologista é fundamental para garantir o diagnóstico correto, orientar o tratamento adequado e evitar complicações.
Nesse artigo vamos falar sobre:
- Clamídia
- Gonorreia
- Sífilis
- Herpes genital
- HIV – falo mais detalhadamente nesse meu outro artigo: https://dranayaraaraujo.com.br/hiv-aids/

Clamídia
A clamídia é uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Chlamydia trachomatis e é uma das DSTs mais comuns, principalmente entre jovens sexualmente ativos. Apesar de afetar principalmente os órgãos genitais, também pode acometer a garganta e os olhos.
A grande maioria das pessoas (70-80%) não apresentam nenhum sintoma, um fator que facilita a transmissão.
Quando presentes os sintomas incluem:
Em homens:
- Dor/ardência ao urinar
- Secreção anormal no pênis (pus)
- Dor nos testículos
Em mulheres:
- Corrimento vaginal amarelado ou claro
- Dor/ardência ao urinar
- Dor durante as relações sexuais (dispareunia)
- Sangramento entre os períodos menstruais ou após a relação sexual
- Dor abdominal ou pélvica (baixo ventre/ pé da barriga)
Veja que são sintomas inespecíficos, e que por isso podem ser facilmente confundidos com outros problemas ginecológicos, como infecções urinárias ou vaginais, que é o que torna o diagnóstico ainda mais difícil sem o conhecimento e os exames específicos.
Complicações:
No caso da pessoa não receber o diagnóstico e assim não ser tratada adequadamente, a clamídia pode evoluir com algumas complicações, em ambos os sexos podendo gerar infertilidade. Nas mulheres devido ao que chamamos de doença inflamatória pélvica (DIP), e nos homens ao evoluir com epididimite, que é uma inflamação dolorosa que afeta os testículos.
Além da infertilidade pode complicar com dor crônica em baixo ventre, gravidez tubária e complicações na gestação em mulheres.
Tratamento:
O tratamento da clamídia é simples, feito com o uso de antibióticos específicos.
O infectologista tem um papel importante ao prescrever o antibiótico mais adequado para cada paciente e orientar sobre a necessidade de tratar também os parceiros sexuais para evitar reinfecções. Após o tratamento, é recomendado realizar uma nova avaliação após três meses para garantir que a infecção foi eliminada.
Gonorreia
A gonorreia é uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae e, tal como a clamídia, pode ser assintomática, especialmente em mulheres.
São sintomas possíveis:
- Dor/Ardência ao urinar
- Secreção genital de cor amarela ou verde
- Dor pélvica em mulheres
- Sangramento fora do ciclo menstrual em mulheres
Complicações:
A gonorreia pode evoluir com complicações graves como:
- Infertilidade em homens e mulheres
- Pode se espalhar para o sangue ou articulações, levando a infecções mais complicadas (artrites infecciosas, lesões de pele, hepatite, endocardite, meningite e osteomielite).
Tratamento:
O tratamento da gonorreia é feito com o uso de antibióticos específicos;
Devido à resistência bacteriana, o acompanhamento de um infectologista é crucial. O especialista pode ajustar o tratamento conforme a gravidade e resistência da bactéria, garantindo a eficácia da terapia.
Após o tratamento, recomenda-se a realização de novos exames para confirmar que a infecção foi completamente eliminada.

Sífilis
A sífilis é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pela bactéria Treponema pallidum.
Ela tem várias fases com sintomas diferentes, e, sem tratamento, pode durar muitos anos, atingindo diversos órgãos e trazendo complicações.
Apesar de ser uma doença antiga, a sífilis ainda ocorre em vários países. É importante diagnosticar e tratar a doença o mais cedo possível para evitar problemas futuros.
Fases da Sífilis
A doença se desenvolve em quatro estágios principais: sífilis primária, secundária, latente e terciária.
1.Sífilis Primária:
A fase inicial começa com uma ou mais feridas chamadas cancros. Elas são redondas, firmes e indolores, surgindo no local onde a bactéria entrou no corpo.
Como não causam dor, muitas vezes passam despercebidas. Mesmo sem tratamento, as feridas desaparecem em algumas semanas, mas a infecção continua no corpo.
2. Sífilis Secundária:
Se a sífilis primária não for tratada, a doença entra na fase secundária, que pode ocorrer semanas ou meses após o desaparecimento das feridas.
Nesta fase, surgem erupções cutâneas, muitas vezes nas palmas das mãos e solas dos pés.
Outros sintomas incluem febre, cansaço, dor muscular e nas articulações, além de inchaço nos gânglios linfáticos. Lesões semelhantes a verrugas também podem aparecer nas áreas genitais.
Esses sintomas podem ir e vir, e, mesmo que desapareçam, a infecção continua.
3. Sífilis Latente:
Após a fase secundária, a sífilis entra em um estágio latente, em que não há sintomas visíveis.
A doença permanece no corpo, mas não causa sinais externos.
Essa fase pode durar anos, e a pessoa ainda pode transmitir a infecção, especialmente no início desse estágio.
4. Sífilis Terciária:
Sem tratamento, a sífilis pode evoluir para a fase terciária, que ocorre anos depois. Nessa fase, a bactéria pode afetar o coração, cérebro, nervos, olhos e ossos.
Os problemas causados incluem lesões internas chamadas de gomas, danos ao sistema cardiovascular e neurossífilis, que pode causar paralisia, cegueira, problemas mentais e até a morte.
Sífilis Congênita
Quando uma mulher grávida tem sífilis e não é tratada, a infecção pode ser transmitida para o bebê. A sífilis congênita pode causar abortos, natimortos ou bebês com problemas graves, como deformidades ósseas, anemia e dificuldades de desenvolvimento. Em casos mais graves, pode levar à morte do recém-nascido.
Diagnóstico
O diagnóstico da sífilis é feito por exames de sangue. O teste VDRL é comumente usado para detectar a infecção, e outros testes, como o FTA-ABS, ajudam a confirmar a presença da bactéria.
Em casos de neurossífilis, pode ser necessário analisar o líquido da espinha por meio de uma punção lombar.
Tratamento
O tratamento da sífilis é feito com antibióticos, principalmente a penicilina. O tipo de tratamento depende do estágio da doença:
Herpes genital
A herpes genital é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada por dois tipos de vírus: o herpes simples tipo 1 (HSV-1) e o herpes simples tipo 2 (HSV-2) .
Embora o HSV-1 seja mais comumente associado ao herpes oral, ele também pode causar infecções genitais, especialmente na prática de sexo oral. O HSV-2, por outro lado, é a principal causa do herpes genital.
Essa infecção é muito comum e pode ser transmitida através de contato direto com as lesões ou com a pele infectada, mesmo quando não há sintomas aparentes.
Os sintomas do herpes genital variam de pessoa para pessoa e dependendo se a infecção é a primeira (infecção primária) ou se os episódios são recorrentes. Muitas pessoas não sabem que estão infectadas porque os sintomas podem ser leves ou ausentes.
Infecção Primária:
Mais intensa e pode aparecer de dois a 12 dias após o contato com o vírus. Os sintomas mais comuns incluem:
- Pequenas bolhas ou feridas dolorosas na região genital, coxas, ânus ou boca.
- Coceira ou sensação de formigamento na área afetada.
- Ardência ao urinar.
- Febre, mal-estar e gânglios linfáticos inchados, especialmente na virilha.
Recorrências :
O herpes genital pode reaparecer em intervalos variados, sendo geralmente menos severo do que na terapia primária.
Durante as recorrências, é comum sentir uma sensação de formigamento ou emergência antes das feridas surgirem, essas crises tendem a ser menos dolorosas e curam mais rapidamente, em cerca de uma semana.
Fatores como estresse, doenças, cansaço, exposição ao sol ou ao frio e mudanças hormonais podem desencadear novas crises.
Complicações
Em pessoas saudáveis, o herpes genital não causa complicações graves. No entanto, a infecção pode ser mais preocupante em pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, como portadores de HIV, em quem as crises podem ser mais frequentes e os sintomas mais severos.
Para mulheres grávidas, o herpes genital pode representar um risco maior. Se a infecção primária ocorrer durante a gestação, há risco de transmissão para o bebê durante o parto, causando herpes neonatal , uma condição grave que pode afetar os órgãos internos do recém-nascido.
Por isso, mulheres grávidas com histórico de herpes genital devem discutir com o obstetra as medidas preventivas adequadas, como a possibilidade de uma cesariana em casos de surtos ativos no final da gravidez.
Diagnóstico
O diagnóstico do herpes genital pode ser feito clinicamente, com base nos sintomas e nas características das lesões.
O infectologista é o profissional indicado para realizar o diagnóstico preciso e orientar o paciente sobre as melhores formas de tratamento e manejo da doença.
Tratamento
Não existe cura para o herpes genital, mas há tratamentos eficazes para controlar os sintomas e reduzir a frequência das crises. Os medicamentos antivirais, tanto para tratar os surtos como para diminuir a duração e gravidade das lesões.
O tratamento pode ser feito de duas formas:
- Tratamento episódico : Utilizado durante os surtos, os antivirais ajudam a encurtar a duração das crises. Eles são mais eficazes quando iniciados nos primeiros sinais de sintomas (coceira, formigamento ou dor).
- Tratamento supressivo : Para pessoas que têm crises frequentes, o uso diário de antivirais pode reduzir o número de recorrências e diminuir o risco de transmissão do vírus para parceiros sexuais.
A Dra. Nayara Araújo é médica infectologista e possui uma ampla experiência em acompanhamento de pessoas que apresentam quadros de herpes genital recorrente.
Ela pode orientar sobre as melhores opções de tratamento e acompanhamento, ajustando o tratamento conforme a frequência e a gravidade das crises, além de avaliar a necessidade de tratamento contínuo para pacientes com surtos frequentes ou mais intensos.

HIV/AIDS
O HIV (vírus da imunodeficiência humana) é o causador da AIDS. Ele compromete o sistema imunológico, deixando o corpo vulnerável a infecções e doenças oportunistas.
O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de seringas contaminadas e de mãe para filho durante a gestação, parto ou amamentação.
No início, a infecção pode se assemelhar a uma gripe, mas com o tempo, sem tratamento, o vírus pode destruir o sistema imunológico.
Tratamento:
O tratamento do HIV é feito com medicamentos antirretrovirais (ARVs), que impedem a replicação do vírus e permitem que os pacientes mantenham uma carga viral indetectável, o que diminui o risco de transmissão.
Falo detalhadamente sobre HIV nesse meu artigo: https://dranayaraaraujo.com.br/hiv-aids/

A Dra. Nayara Araújo é medica Infectologista especialista em atender pacientes com doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).
A Dra Nayara é formada pela Universidade Federal do Espírito Santo e com mais de 12 anos de atuação como médica.
Fontes:https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/dst